Consórcio Rotas do Brasil oferece desconto de 15,30% no pedágio e vence leilão da Rota do Zebu
A Kinea em parceria com construtoras da Way Brasil, através do consórcio Rotas do Brasil, venceu o leilão de concessão da BR-262/MG conhecida como Rota do Zebu. São 439 quilômetros no trecho que vai de Betim a Uberaba, em Minas Gerais. O leilão aconteceu na tarde desta quinta-feira, na B3, em São Paulo.
A empresa ofereceu maior desconto na tarifa de pedágio, de 15,30%, critério para escolher o vencedor. A tarifa de pedágio prevista para a pista simples é de R$ 0,13969/km e para a pista dupla é de R$ 0,18160/km.
Além da Kinea, o banco BTG, entregou proposta através de um fundo de investimento em infraestrutura, que ofertou desconto de 15,20% para o pedágio.
A Rotas do Brasil ofereceu desconto inicial de 11,78%, enquanto o BTG ofereceu 8%. Como a diferença de lances foi inferior a 5 pontos percentuais, a disputa foi para o viva voz e, depois de 12 lances, terminou com a vitória do consórcio Rotas do Brasil. É a primeira concessão vencida pela parceria entre a Kinea e a Way Brasil.
A concessão prevê investimentos de mais de R$ 4,4 bilhões na rodovia, incluindo 17 passarelas de pedestres e três passagens de fauna.
O conselheiro do consórcio Rotas do Brasil, Giovanni Mott, disse após a vitória que o projeto de modernização da rodovia é necessário para que os usuários tenham mais segurança
— Fizemos essa parceria, que é uma plataforma para investir em rodoviais, com robustez financeira e expertise operacional — afirmou.
Segundo o Ministério dos Transportes, a Rota do Zebu é relevante para o agronegócio, já que a região cortada por ela tem na pecuária sua atividade principal. A previsão é de que o projeto injete R$ 8,5 bilhões na região, considerando investimento (R$ 4,4 bilhões) e custos operacionais (R$ 4,1 bilhões). O ministro dos Transportes, Renan Filho, esteve presente na B3, onde aconteceu o leilão.
Rena Filho disse que quer trazer o presidente Lula para os próximos leilões, demonstrando que todo o governo está imbuído em atrair investimento privado, para a garantia da sustentabilidade fiscal.
— Fiquei feliz com os dois participantes e eu teria repartido o negócio entre as duas, pelo nível da disputa. Espero que o BTG vença um próximo leilão, já que tem capacidade para isso. Ganha o cidadão que paga tarifas menores de pedágio, em um projeto de rodovia mais seguro — disse o ministro
Ele lembrou que serão 11 leilões de estradas em dois anos de governo. Só em Minas, já foram quatro concessões de rodovias, com investimentos de R$ 40 bilhões contratados nos próximos anos.
Melhorias previstas
A vencedora da Rota do Zebu terá que duplicar 44,3 quilômetros da rodovia, implantar de 168,87 quilômetros de faixas adicionais e 3,63 quilômetros de vias marginais. Além disso, também ficará responsável por instalar um Ponto de Parada e Descanso (PPD), 17 passarelas de pedestres, 100 pontos de ônibus, além de três passagens de fauna.
Ao menos 4,4 milhões de pessoas serão diretamente beneficiadas e 63.765 empregos devem ser gerados da região metropolitana de Belo Horizonte até a área considerada a porta do Triângulo Mineiro.
O trecho concedido faz parte de uma concessão que era da Concebra, da Triunfo Participações. Ela inclui também trechos das rodovias BR-060 e BR-153. Mas, em 2020, a empresa pediu para devolver a concessão, que foi dividida em três lotes, sendo a Rota do Zebu o primeiro a ser relicitado.
Novos investidores
Especialistas apontaram a atratividade do projeto, que trouxe novos participantes em concessões de rodovias, foi o destaque do leilão. A advogada Angélica Petian, especialista em infraestrutura e regulatório e sócia-diretora do escritório Vernalha Pereira, disse que o leilão de hoje reafirma o apetite de novos investidores. Para ela, isso reflete o amadurecimento das concessões de rodovias, com projetos bem estruturados, e matriz de obrigações e riscos bem definida.
— O contrato cria mecanismos de compartilhamento dos riscos com o poder concedente, a exemplo do risco tráfego, custos de insumos, flutuações cambiais, justamente para vacinar contra problemas que levem à extinção prematura do contrato — analisa.
Rafaella Guzela, advogada de Administrativo e Regulatório do Souto Correa Advogados, observa que os avanços regulatórios melhoraram a atratividade desses projetos.
— O resultado do leilão de hoje, com a participação de players relevantes do mercado, reflete este processo e reforça não só a atratividade do projeto, mas também a confiança do mercado nas novas modelagens feitas pelo governo federal e pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) — diz.
O advogado Paulo Henrique Dantas, especializado em infraestrutura, sócio do escritório Castro Barros Advogados, lembrou que a gestora Kinea também arrematou um lote de escolas de São Paulo, concedido à iniciativa privada, nesta semana, para construção e gestão, o que mostra seu apetite em investimentos de infraestrutura e a diversificação de ativos.
— É um sinal positivo para o mercado que tem atraído cada vez mais novos entrantes — diz.