CCR leva 570 km de rodovias estaduais e federais do Paraná em leilão disputado.
Em certame na B3 (Bolsa de Valores), a companhia venceu uma disputa acirrada com Pátria Investimentos, EPR e Perfin
São Paulo e Brasília
Em um leilão disputado, a CCR arrematou o lote 3 das Rodovias Integradas do Paraná, concessão que reúne quase 570 km de estradas federais e estaduais no estado. A companhia ofereceu um desconto de 26,6% sobre a tarifa de pedágio.
O vencedor foi decidido no viva-voz, etapa em que os proponentes vão aumentando suas ofertas até chegarem ao valor final.
Com prazo de contrato de 30 anos, a concessão prevê cerca de R$ 9,8 bilhões de investimentos em obras de infraestrutura. O traçado previsto na concessão engloba trechos federais (BR-369, 373 e 376) e estaduais (PR-170, 323, 445 e 090).
Concessão de rodovias no Norte do Paraná prevê melhorias para ampliar transporte de cargas até porto de Paranaguá – Rodolfo Buhrer/7.ago.20/Folhapress/La Imagem
A concessionária desbancou outros fortes nomes do setor. No viva-voz, a segunda maior proposta foi do consórcio “Infra BR V Missouri Holding I”, do Pátria Investimentos, de 26,5%. Já o Consórcio Infraestrutura PR, composto pela EPR e pela Perfin, ofereceu um deságio de 25,9% sobre a tarifa.
O consórcio formado pelas gestoras 4UM e Opportunity, por sua vez, propôs um desconto de 16,42% sobre a tarifa e não chegou a ir ao viva-voz com as outras concorrentes.
À Folha, o ministro dos Transportes, Renan Filho, disse que o interesse e a concorrência das empresas nas concessões de rodovias são resultado do aprimoramento das ofertas.
“O sucesso se deve a projetos bem construídos, diálogo com investidores e à potência econômica que tem o nosso país. Isso tudo acompanhado de segurança jurídica, previsibilidade e transparência”, disse Renan, que acompanha os leilões em São Paulo. “Não tinha como colhermos outro resultado, se não o êxito dos leilões. Vale dizer ainda, que o Brasil tem hoje o maior pipeline de projetos de concessões rodoviárias do mundo”, comentou o ministro.
O projeto leiloado nesta quinta inclui melhorias e ampliações na infraestrutura viária, como duplicação de rodovias, implantação de contornos, adição de vias marginais e ciclovias, instalação de iluminação em trecho de serra, passagens de fauna e pontos de ônibus.
Após o leilão do lote 3 das Rodovias Integradas do Paraná, o governo federal irá realizar, ainda nesta quinta, o certame da Rota Verde, que abrange trechos de estradas em Goiás.
O leilão é mais um da sequência de certames realizados sob uma nova modelagem adotada pelo governo Lula. Os interessados dão lances de desconto em relação à tarifa básica de pedágio, e o pagamento de aporte (caução) é necessário somente quando o corte na tarifa prometido é superior a 18%. Depois desse patamar há a incidência de aporte de recursos para cada 1% de deságio apresentado, de forma cumulativa.
Os recursos do aporte irão inteiramente para a conta da concessão e serão utilizados, por exemplo, na execução de obras não previstas.
Após o leilão, Renan Filho, comparou a modelagem adotada pelo governo federal com o modelo dos certames do Governo de São Paulo.
“No Governo de São Paulo, a disputa é por maior outorga. Isso significa que a outorga entra na conta para calcular tarifa. No nosso projeto, vence a menor tarifa e, quando passa do desconto de 18%, a gente tem uma curva para desestimular o que ocorria no passado: desconto muito grande e a não conclusão do projeto”, disse.
Segundo ele, como o desconto proposto pela CCR ultrapassou 18%, a empresa terá de fazer um investimento adicional de cerca de R$ 1 bilhão.
O advogado Paulo Henrique Dantas, especializado em infraestrutura, sócio do escritório Castro Barros Advogados, afirmou que, apesar da forte concorrência, as empresas estão sendo criteriosas em cada oferta. “Foi um leilão muito disputado e comprova que a CCR está escolhendo com cuidado os ativos, de forma a sempre ser competitiva quando decide participar. Outro ponto positivo foi o número de proponentes, o que confirma o apetito do mercado nos leilões rodoviários.”