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CCR arremata Dutra e se consolida como a maior concessionária de infraestrutura

Após arrematar 16 aeroportos neste ano, além do maior leilão da história do setor rodoviário no País, o da Rodovia Presidente Dutra, a CCR consolida-se como a maior concessionária de infraestrutura do Brasil. Mesmo com desembolsos significativos pela frente, especialistas avaliam que o grupo deve continuar disputando os próximos leilões do setor, mas a magnitude da sua agressividade é uma incógnita.

A companhia manterá a concessão da Dutra, após arrematar nesta sexta-feira o leilão do ativo, por R$ 1,7 bilhão. O critério utilizado pelo governo foi uma combinação de maior desconto sobre a tarifa básica de pedágio, com deságio máximo de 15,31%, e maior valor de outorga. A EcoRodovias ofereceu um desconto de 10,6%, sem oferta de outorga, deixando a vitória para sua oponente.

“Temos um balanço sustentável, liquidez e capacidade de ser competitiva mesmo com a conquista de hoje”, afirmou o presidente da CCR, Marco Cauduro, em coletiva de imprensa.

A Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, foi um dos primeiros ativos de infraestrutura a ir a leilão no País na década de 1990. O novo contrato, que inclui um trecho da Rio-Santos, é de 30 anos e os investimentos previstos são da ordem de R$ 14,8 bilhões.

Mais do que a conexão entre os dois maiores polos econômicos do Brasil, a Dutra incluirá ligações com os Aeroportos de Guarulhos (SP), Galeão (RJ) e Viracopos, em Campinas/SP (via Rodovia Dom Pedro), além de portos como Santos e São Sebastião (SP). Também inclui em seu traçado conexões com a ferrovia operada pela MRS e a rodovia Mogi-Bertioga, prevista para ser leiloada, além de outros ativos importantes.

“Pensando no usuário comercial do sistema Dutra e Rio-Santos, o edital prevê toda uma rede de infraestrutura de suporte aos caminhoneiros. Essas concessões conectam 28% do PIB e 17% da população brasileira”, afirma o sócio-fundador da Valisa Business Intelligence e consultor do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Marcelo Valença.

O analista de investimentos da Mirae Asset Corretora, Pedro Galdi, observa que a CCR já administrava a concessão da Dutra e era favorita para o leilão. “Foi uma aquisição importante em sua carteira de ativos, que continua em expansão. Hoje, a companhia é a maior concessionária de infraestrutura do País.”

Mais leilões

Apesar da expectativa de que a CCR continue participando dos próximos leilões de infraestrutura, a agressividade da companhia neste ano em disputas por ativos aeroportuários e de mobilidade, como na CPTM, pode não se repetir no futuro.

A próxima grande aposta do governo em infraestrutura é a 7ª rodada de concessão de aeroportos, que irá incluir as joias da coroa Santos Dumont (RJ) e Congonhas (SP).

“A CCR agora se consolida como a maior concessionária de infraestrutura do Brasil. Para as próximas rodadas, talvez a companhia participe com um pouco mais de cautela, talvez em consórcio”, avalia o advogado especializado em infraestrutura e sócio do Castro Barros Advogados, Paulo Dantas.

Em relatório do Citi, os analistas Stephen Trent, Brian Roberts e Roberta Versiani afirmam que o sucesso da oferta da CCR pela Dutra é um marco importante para a empresa, que tem um profundo conhecimento do ativo, por ser operadora titular há décadas.

Eles alertam, porém, que os riscos incluem um potencial de decepção do mercado, caso se conclua que a diversificação da companhia para além das concessões de rodovias pedagiadas implicou a expansão para negócios com margens “materialmente mais baixas em comparação com os negócios da empresa.”

“A CCR participou de novos projetos de maneira mais agressiva do que havíamos previsto”, dizem os analistas.

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