O setor de saneamento do Brasil
Novos contratos e valores crescentes de investimentos estão atraindo novos participantes para o setor de saneamento do Brasil.
Após vencer um contrato de parceria público-privada (PPP) oferecido pela Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), a espanhola Acciona é a mais nova player do setor.
“A entrada de novos players é muito positiva e demonstra a maturidade do setor, o que significa maior previsibilidade institucional e bons contratos e resulta em maior segurança jurídica”, disse à BNamericas Paulo Dantas, especialista em infraestrutura e financiamento de projetos do escritório Castro Barros Advogados.
“Além disso, a infraestrutura social está em alta e além de trazer os benefícios desejados para a população, pode trazer retornos muito bons para os investidores”, acrescentou.
A Sanepar ofereceu três contratos de 24 anos para três lotes em 20 de setembro, que foram arrematados pela Acciona, Iguá Saneamento e Saneamento Consultoria, um grupo formado pela Aegea Saneamento e pelos fundos de investimento Perfin e Kinea.
“Os três contratos, que vão ajudar o Estado a acelerar a universalização da coleta de esgoto, preveem R$ 2,9 bilhões [US$ 524 milhões] em investimentos em 112 municípios do Estado”, disse a Sanepar em nota.
O contrato do Lote 1 envolve 36 cidades da região Centro-Leste do estado e foi arrematado pela Saneamento Consultoria, que ofereceu o valor de R$ 5,17 por metro cúbico de esgoto medido.
O Lote 2, que engloba 48 municípios da região Oeste, foi vencido pela Acciona, com a proposta de R$ 4,72 por metro cúbico de esgoto medido, e o Lote 3, que reúne 28 cidades também da região Oeste, foi arrematado pela Iguá Saneamento, que propôs R$ 4,75.
Além de uma série de obras, as empresas também farão manutenção e operação e investirão um total de R$ 3,1 bilhões.
O setor de água passou por uma grande transformação desde que as regulamentações foram modificadas em 2020, facilitando a entrada de empresas privadas.
Inicialmente, empresas como Aegea, Iguá Saneamento e BRK ganharam escala, e mais recentemente novas companhias começaram a ingressar no segmento à medida que os investimentos e novos projetos se materializam, levando em consideração as obrigações estabelecidas no marco legal, que prevê cobertura total no país até 2033.
No início deste ano, a concessionária de serviços públicos Equatorial Energia adquiriu uma participação de 15% na Sabesp, maior companhia de saneamento do Brasil, por R$ 6,9 bilhões. A transação faz parte do processo de privatização da empresa, que atua no estado de São Paulo.
Neste mês, o estado de Sergipe ofereceu uma concessão de serviços de água, vencida pela Iguá Saneamento, que superou três outras propostas, incluindo a do fundo de investimentos Pátria Investimentos, que busca ingressar no setor.
O Pátria continua interessado no segmento e contratou ex-executivos da Iguá Saneamento e BRK Ambiental para mapear oportunidades. Além disso, buscou parcerias com empresas de infraestrutura locais para executar obras como parte de contratos que ainda serão oferecidos, segundo uma fonte familiarizada com os planos do fundo, que falou à BNamericas sob condição de anonimato.
A espanhola Sacyr também apresentou propostas para os Lotes 1 e 2 em consórcio com a Cembra Águas do Paraná, mas sem sucesso.
Ainda há espaço para novos players no setor. “Embora os maiores contratos já tenham sido negociados, ainda há muito a ser feito no Brasil em termos de saneamento, por isso ainda acredito que teremos grandes oportunidades no futuro”, avaliou Dantas.
“O principal desafio, claro, são as particularidades locais e não só do Brasil, mas da própria região. As soluções em uma determinada região não serão as mesmas em outra. Apesar dos desafios, acredito que é um cenário positivo”, pontuou.
https://www.bnamericas.com/pt/feature/destaque-o-setor-de-saneamento-do-brasil