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Tráfego aéreo doméstico volta aos níveis pré-pandemia no Brasil

O volume de passageiros que utilizam os aeroportos brasileiros para voos domésticos finalmente superou os números pré-pandemia em maio.

O número de passageiros em voos domésticos no Brasil atingiu 7,29 milhões no mês, alta de 14,8% em relação ao ano anterior, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Este número também é maior do que em maio de 2019, quando chegou a 7,06 milhões, antes da pandemia atingir o setor, demonstrando que a recuperação está em andamento e sugerindo que a virada foi feita para os setores de aeroportos e viagens aéreas.

“Acredito que o pior já passou e não só no Brasil. Há uma tendência de alta nas viagens nacionais e internacionais. Em alguns casos, pode até superar a demanda no período pré-pandemia”, disse à BNamericas Paulo Dantas, financeiro de infraestrutura e especialista em projetos do escritório Castro Barros Advogados.

Em março de 2020, as autoridades brasileiras anunciaram uma série de restrições severas às viagens públicas, incluindo limites para viagens internacionais e domésticas, na tentativa de conter o avanço da Covid-19, em linha com medidas semelhantes em outros países.

Apesar do crescimento verificado em maio, a recuperação ainda é lenta nos voos internacionais. No mês, o número de passageiros em voos internacionais chegou a 1,58 milhão, ante 1,19 milhão em maio de 2022, mas ainda bem abaixo dos 1,84 milhão registrados em maio de 2019, segundo dados da Anac.

Dantas explicou que, embora o número de passageiros dê sinais de recuperação aos níveis pré-pandêmicos, algumas operadoras aeroportuárias que assinaram contratos de concessão no passado indicam que podem pedir ao governo que ajuste seus contratos para dar conta do tráfego abaixo do esperado.

“Os aeroportos das primeiras rodadas [de concessões] tinham estudos de demanda que não foram comprovados antes mesmo da pandemia. Esses aeroportos ainda terão algumas dificuldades e pode ser que pedidos de revisão ainda sejam feitos. No caso dos aeroportos concedidos recentemente, a análise de mercado foi diferente e mais próxima da realidade. Porém, como todos os contratos de infraestrutura são de longo prazo, é sempre razoável supor que haverá um pedido de revisão”, afirmou Dantas.

AEROPORTOS DO RIO

Enquanto o setor se recupera em termos de passageiros, ainda não se sabe se as concessões planejadas para dois aeroportos do estado do Rio de Janeiro – Santos Dumont e Galeão – poderão avançar.

O setor aeroportuário do país hoje é majoritariamente privado, seguindo os passos das indústrias nacionais de telecomunicações e energia elétrica, mas ainda há dúvidas sobre esses dois aeroportos e os governos federal e estadual estão negociando uma estratégia para lidar com eles.

A RIOGaleão, empresa controlada pelo Changi Airport Group, de Singapura, anunciou planos no ano passado para devolver a concessão do aeroporto do Galeão ao governo, apesar do contrato ser válido até 2039, alegando queda no número de passageiros.

O governo federal planejava, portanto, reassumir o controle e, em seguida, oferecer um novo contrato de concessão unindo Galeão e Santos Dumont.

No entanto, o governo do estado do Rio de Janeiro não é a favor dessa estratégia, pois vê isso como um risco à continuidade dos dois aeroportos e afirma que o número de voos deve ser melhor dividido entre os dois. Atualmente, o Galeão opera mais voos internacionais e o Santos Dumont é mais movimentado, atendendo voos domésticos.

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